quinta-feira, 29 de abril de 2010

ASSUNTOS SOBRE INCLUSÃO

                                     
NOSSA INCLUSÃO COTIDIANA
Fábio Adiron

Eu adoro falar em seminários, congressos, fóruns. Aliás, quem me conhece, sabe que eu adoro falar.
O que não significa que eu não seja um ótimo ouvinte. Não acredito em ninguém que ache que não tem mais nada a aprender, em qualquer campo do conhecimento.
Nos últimos dias estive em duas situações onde tive a oportunidade de fazer as duas coisas. Uma, no seminário de educação inclusiva que aconteceu durante a Reatech. Outra em dois encontros com professores da EMEI João Paulo II.
Sem nenhum demérito ao primeiro (aliás aprendi muito com o Prof Davi, de Portugal), tenho de reconhecer que aprendi mais no segundo.
Essa EMEI (caso alguém não saiba, significa Escola Municipal de Educação Infantil, que abrange crianças de 3 a 6 anos) está num contexto onde teria tudo para não dar certo. Fica num bairro pobre já nos limites extremos da zona oeste de São Paulo - muita gente já ouviu falar na Parada de Taipas e nunca esteve perto de lá. Funciona em 3 turnos e com classes no limite máximo do número de alunos dessa idade.
Durante quase 5 horas eu conversei com duas turmas de professores, merendeiras, condutores e outros profissionais da escola. Como de hábito falei muito, como de hábito ouvi muitas coisas interessantes - e não existe nada mais interessante do que ouvir como a inclusão acontece na vida real, especialmente onde as situações de exclusão são múltiplas e complexas.
Aprendi, de uma professora, que ela tem um aluno com uma síndrome genética cujo laudo médico dizia que ele não teria possibilidade de fazer um monte de coisas, inclusive de falar. Só que, com ela, o menino fala. E não estava se referindo a simplemente pronunciar uma ou outra palavra esporádica, mas de construir frases, rebater argumentos de forma simples, mas lógica.
De outra professora, com um aluna com um Transtorno Global do Desenvolvimento, que ela, por conta própria, leu tudo que poderia a respeito da deficiência da menina e que até enxerga nela muitas das características apontadas nos livros, mas que nenhuma das receitas de bolo que ela leu funciona, pois a menina não é um produto de confeitaria. O dilema dessa professora nesse momento é: como é que ela convence a mãe da menina a mantê-la numa escola comum (está na última série da EMEI) ao invés de matriculá-la numa instituição segregada.
Fui questionado por uma merendeira a respeito de tratamento diferenciado para as crianças com deficiência. A pergunta era muito simples, mas cheia de conteúdo conceitual : tem um menino que não gosta de bolacha e só quer comer pão. Como ele tem deficiência, eu dou pão para ele... mas e as crianças "normais" que também não gostam de bolacha? Por que eu não posso fazer a mesma coisa? Ou eu dou pão para todos que não gostam de bolacha, ou todos (incluindo a que tem deficiência) ficam sem nada.
Outra pessoa veio me contar de um moleque cujo desenvolvimento, depois que foi para a escola, deu um salto de qualidade que surpreendeu os próprios pais que não acreditavam que ele fosse conseguir fazer ou aprender muita coisa.
Saí de lá com a certeza que, apesar das muitas dificuldades atitudinais, estruturais e financeiras, a inclusão pode acontecer em qualquer lugar, desde que os profissionais envolvidos nessa questão estejam sinceramente interessados em seres humanos. Que estejam abertos à reflexão. E que acreditem que ninguém pode ser abandonado pelo caminho.
Ah...você gostaria de saber o que foi que eu falei? Nada que fosse mais relevante do que o que eu ouvi.
Cheguei em casa bastante cansado, depois desse tempo todo em pé e de enfrentar o trânsito pesado da cidade. Mas hoje eu durmo feliz.

Fonte: http://xiitadainclusao.blogspot.com/

PALAVRAS BACANAS
Tradução e paráfrases de uma seção do artigo “Reassigning Meaning” [cf. LJDavis (org). Disability Studies Reader, 2006] de Simi Linton, da Universidade de Columbia, por Ubiratan Vieira.

Termos como “pessoas com necessidades especiais”, “deficiente eficiente”, “excepcionais”, e “pessoas/crianças especiais”, vêm a tona em diferentes momentos e lugares. São raramente usados por deficientes politizados ou acadêmicos (exceto com uma ironia palpável). Entretanto, podem ser considerados tentativas bem-intencionadas de valorizar as pessoas com deficiência. Transmitem a mentalidade da responsabilidade social e da boa vontade de fazer o bem, endêmicos às agências paternalistas que controlam muitas vidas de pessoas com deficiência. “Pessoas com necessidades especiais” é o único termo que parece que pegou. Pessoas não deficientes o usam em conversas sobre pessoas com deficiência sem uma ponta de ansiedade, sugerindo que acreditam que seja um termo positivo. Esta designação não faz muito sentido para mim. Dizer que sou uma “pessoa com necessidades especiais” é afirmar que os obstáculos para minha participação são físicos, não sociais, e que a barreira é minha própria deficiência.
Os termos “deficiente eficiente” e “excepcionais” tiveram uma vida consideravelmente curta nas pratilheiras. O primeiro é usado para refutar estereótipos de incompetência. Entretanto, é um termo defensivo e reativo mais do que um termo que propõe mudanças. O segundo, “excepcionais”, foi usado como justificação psicopedagógica para o “fracasso escolar” e a segregação de crianças em salas e escolas, mas foi logo substituído para esta função pelo termo “especial”.
Uma série de profissões são construídas no entorno da palavra “especial”. Uma grande infra-estrutura resta na ideia de que “crianças especiais” e “educação especial” são ideias estruturantes, validadas e úteis. Entretanto, os dicionários (Aurélio e Michaelis) insistem que “especial” seja reservado para casos fora do comum, excelentes, notáveis, superiores e que se aplique exclusivamente a uma pessoa ou coisa ou uma categoria particular de coisas. A experiência nos ensina que “especial” significa algo diferente quando aplicada à educação ou a crianças. A designação de crianças deficientes e a educação como “especial” pode ser entendida somente como um eufemismo, obscurecendo a realidade de que nem as crianças, nem sua educação são consideradas desejáveis, nem concebidas como “excelentes, notáveis, superiores”.
Rotular a educação e seus destinatários de especiais pode ter sido uma tentativa deliberada para conferir legitimidade a esta prática educacional e para dar suporte a grupos excluídos. Mas também é importante considerar o sentimento inconsciente que tal estratégia pode mascarar. Tenho o sentimento de que a população em geral lida com pessoas com deficiência com grande ambivalência. Sentimentos de antipatia e desdém sempre entram em competição com sentimentos de empatia, culpa e identificação. O termo “especial” pode ser uma evidência não de uma manobra deliberada, mas de uma “formação reativa” coletiva, termo de Freud, para o mecanismo de defesa inconsciente no qual um indivíduo adota atitudes e comportamentos que são o oposto de seus próprios sentimentos verdadeiros, de modo a proteger o ego da ansiedade sentida por experimentar esses sentimentos.

Discussões e querelas aparecem no meio. Uns definindo quem entra, outros convidando para sair quem já está fora, e a batata quente do “coitadinho”, o outro que ninguém quer ser, só se for comer com o estatuto para tirar algum proveito da lei. Chegou à minha caixa de correio um repente que vem a calhar. Vamos então ler este repente de Viviane Veras. Estaremos cumprindo a promessa do Cão?


UMA VEZ CRIADO O MUNDO
PELO DEUS NOSSO SENHOR
COMEÇARAM A SEPARAR
OS HOME POR SUA COR

SEPARÁ QUEM TEM DOENÇA
QUEM POUCO OUVE OU NÃO VÊ
OU CONFORME O QUE ELE CRÊ
E CHAMÁ DE DIFERENÇA


OS MESMO ELES AJUNTARAM
SEPARANDO O BEM DO MAL
E OS BOM FORAM ALCUNHADO
PELO NOME DE NORMAL

ATÉ QUE VEIO O TROVÃO
A VOZ DE DEUS RIBOMBOU
FOI ASSIM QU’ELE AVISOU
QU’ERA PRA TER INCLUSÃO


JUNTARAM TUDO DE NOVO
QUE É PRA SÊ TUDO IGUAL
TUDO IRMÃO COLEGA AMIGO
SER DIFERENTE É NORMAL

VIU DEUS O SEU POVO UNIDO
SUA OBRA REALIZADA
NEM REPAROU NA RISADA
DE QUEM FEZ O PROMETIDO

OS DE FORA TUDO DENTRO
E LÁ DE DENTRO EXCLUÍDO
Viviane Veras é mãe, tradutora, pesquisadora e professora universitária, e atua nas áreas de educação, lingüística e psicanálise.






quarta-feira, 28 de abril de 2010

MOMENTO DE ESTUDO NA APRENDER EDITORA

A teoria do desenvolvimento intelectual de Vygotsky, sustenta que todo conhecimento é construído socialmente, no âmbito das relações humanas. Essa teoria, tem por base o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio-histórico, enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento, sendo essa teoria considerada, histórico-social.
Para Nóvoa (1997, p.26): “A troca de experiências e a partilha de saberes consolidam espaços de formação mútua, nos quais cada professor é chamado a desempenhar, simultaneamente, o papel de formador e de formando.”

 Momento de estudo do planejamento do Projeto Lendo Você Fica Sabendo
Coordenadora Cris Portela

Planejamento do Projeto Letramundo

MUNICÍPIOS EM DESTAQUE

HORIZONTE
Horizonte ganha prêmio que avalia saúde bucal nos municípios brasileiros
A população do município de Horizonte tem cada vez mais motivos para sorrir. O município é um dos vencedores do Prêmio Brasil Sorridente 2009. A premiação foi criada em 2005 pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO) com o objetivo de incentivar e premiar os municípios que mais se destacarem no atendimento odontológico da rede pública de saúde.
Nesta última edição, o prêmio foi dividido em três faixas populacionais: município com até 50 mil habitantes; entre 50 mil e 300 mil habitantes; e acima de 300 mil habitantes. Horizonte ganhou na categoria dos municípios entre 50 e 300 mil habitantes junto com o município de Estância, em Sergipe. “Este prêmio é um reconhecimento ao trabalho da atual gestão. Estamos cada vez mais capacitando nossos profissionais e equipando nossas unidades para oferecer o melhor serviço aos horizontinos”, o prefeito Nezinho.
Do total de 26 municípios de 14 Estados que concorreram nesta edição, foram eleitos quatro vencedores. Além de Horizonte, o Ceará tem outro campeão, o município de São Gonçalo do Amarante que ganhou na categoria até 50 mil habitantes. Fortaleza ficou em quarto lugar entre os municípios com população acima de 300 mil. A avaliação foi feita por uma comissão composta por membros dos Conselhos de Odontologia, e o resultado do prêmio foi divulgado na última sexta-feira (19), na sede do Conselho Federal de Odontologia (CFO), em Brasília.
Entre os dez itens avaliados pela comissão do prêmio, está a relação do número da população e o número de cirurgiões-dentistas, a relação entre equipes de saúde bucal e equipes do programa de saúde da família e a cobertura populacional alcançada, o número de policlínicas e de centros de especialidades odontológicas em funcionamento e o menor índice epidemiológico de cárie dentária em escolares até 12 anos.
A entrega da premiação aos campeões foi no dia 23 de abril, no Rio de Janeiro, durante a solenidade de aniversário dos Conselhos de Odontologia. Cada município vencedor ganhou um consultório odontológico completo fornecido pela empresa Dabi Atlante.
Saúde bucal em Horizonte
Hoje, o município de Horizonte conta com um Centro de Especialidades Odontológicas (CEO) municipal e com 13 unidades de saúde, todas com uma equipe de saúde bucal. Em 2009, dentro do Programa Saúde da Família, cerca de 34.300 pessoas receberam atendimento em saúde bucal. No Centro de Especialidades Odontológicas, foram realizadas 2.364 cirurgias, atendidos 1.485 pacientes especiais e registrados 4.625 procedimentos de endodontia e 474 de dentística.
Nas unidades básicas de saúde, o atendimento é organizado de forma a atender demanda programada, além de realizar atendimentos especiais para gestantes, hipertensos, diabéticos, escolares e adolescentes. O atendimento em saúde bucal das gestantes é feito desde a primeira consulta de pré-natal. O enfermeiro já encaminha a paciente para avaliação e acompanhamento do dentista até a alta.
Quanto aos escolares, é feito exame de necessidades nas escolas e determinado grau de necessidade de 0 a 3. Depois disso, as crianças são encaminhadas para a unidade de saúde. Além disso, em 2009, também foram registradas 102.401 escovações supervisionadas nas escolas. O atendimento dos bebês é feito juntamente com o enfermeiro durante as consultas de acompanhamento de crescimento e desenvolvimento.
Para os diabéticos, hipertensos e adolescentes são determinados dias de atendimentos semanalmente onde são avaliados e acompanhados. Os pacientes que apresentarem suspeita de lesão bucal são encaminhados para o Centro de Especialidades Odontológicas, onde são realizadas as biópsias e encaminhadas e, de acordo com o resultado, para tratamento mais especializado em Fortaleza.
Fonte: http://www.municipiosdoceara.com.br/

FORTIM
O município de Fortim, localizado a 118 km de Fortaleza com acesso pela CE-040, tem origem destacada na história do Ceará. Foi fundado por Pero Coelho de Souza, quando de sua frustrada expedição em 1603 no itinerário Paraíba-Ibiapaba, por conveniência de origem regimental baixou em acampamento exatamente nessa parte costeira, demorando-se o tempo necessário ao engajamento de tropas indígenas locais.
Por ocasião do retorno, miseravelmente abatido e destroçado, acampou no mesmo local, conduzindo apenas 18 soldados mancos. Desolado, buscou o itinerário que o levaria de volta à Paraíba, onde esperava encontrar apoio. Sem nada conseguir na Paraíba, retornou a Fortim, trazendo em sua companhia D. Maria Tomásia, sua mulher, e cinco filhos menores. Fundou, então, o Forte São Lourenço, denominado posteriormente de Forte Nova Lisboa ou Nova Lusitânia.Sul: Aracati,
Ao cabo de algum tempo, sem esperanças de apoio, resolveu buscar a Fortaleza dos Reis Magos, onde certamente seria acolhido. Deixou como lembrança histórica, além do Forte São Lourenço, algumas peças de artilharia, nascendo desse desastre o lugar hoje chamado de Fortim.
Por outro lado, observa-se que Fortim nasceu sob o signo da conquista e da resistência. Conquistas de terras férteis e águas piscosas. Resistência do nativo frente ao colonizador português e deste em relação aos outros colonizadores que rondavam a costa brasileira: franceses, holandeses, espanhóis etc.
Chamado inicialmente Canoé, o povoado experimentou certo desenvolvimento, de sorte que o capacitaria a receber o título de vila, evento que se deu conforme Lei n° 1.271, de 29 de março de 1934. Em 14 de outubro de 1937, a Lei n° 386 transferiu a sede do Distrito para o lugar chamado Fortim, nome que substituiu, o anterior.
Sua toponímia é uma forma reduzida da palavra Fortinho, antiga denominação da sede do distrito de Canoé. O município de Fortim se originou a partir da emancipação do município de Aracati, em 27 de março de 1992, por meio da Lei N.º11.928. a partir de uma iniciativa de seu emancipador Mauro Cavalcante de Souza.
Fortim situa-se na porção leste do Estado do Ceará e tem como referências cartográficas as coordenadas geográficas de 4º27’07” de Latitude Sul e 37º47’50” de Longitude Oeste. Ocupa uma área de 279,70 km2, limita-se ao:
Norte: Oceano Atlântico e Beberibe,
Leste: Aracati,
Oeste: Beberibe.
Recursos Naturais:
A vegetação está enquadrada dentro do complexo vegetacional da zona litorânea, sendo formado geomorfologicamente por uma planície litorânea representada pelas formas de acumulação: Dunas, planícies fluviais; Glacis Pré-Litorâneos representado pelas formas dissecadas em interflúvios tabulares.
Os solos mais comuns são areias quartzosas distróficas (246,22 km2), em menor proporção, areias quartzosas marinhas (4,42km2), solonchok (18,24 km2) e solonetz solodizado (10,82km2).
CROATÁ
Regida pelo maestro Hélio Júnior, a Orquestra Filarmônica Estrelas da Serra é resultado do trabalho da Associação Arte em Pauta, de Croatá, que obteve recursos junto à Funarte – Fundação Nacional de Artes, para a aquisição dos instrumentos musicais. A orquestra é composta por 37 estudantes adolescentes, todos de origem muito humilde. Tendo começado como um grupo de flautas e violões, a banda evoluiu para a formação de orquestra há dez meses, e já estruturou um repertório de muito bom gosto, valorizando a música brasileira. A orquestra conta com o apoio da prefeita de Croatá, professora Aurineide Bezerra Pontes.

Formadora Aline Citó e Aurineide Bezerra prefeita de Croatá


terça-feira, 27 de abril de 2010

ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS

                                                 
O QUE NOS MARAVILHA EM ALICE?
                                    Diana e Mário Corso


Alice, seu País das Maravilhas e suas aventuras Através do Espelho, seguem angariado legiões de fãs e estudiosos. Eles encontram em suas linhas todo tipo de sabedoria e maluquice: desde complexos enigmas matemáticos até não menos cabeludas patologias psíquicas. Discutem-se essas inferências praticamente desde sua publicação, em 1865. É inútil colocar mais lenha nessa fogueira, que deve ser deixada aos cuidados dos ativos membros das diferentes Lewis Carroll Society distribuídos ao redor do mundo todo, especialistas na matéria. A pergunta que nos colocamos aqui é bem mais simples do que as que inquietam esses nobres estudiosos: o que faz essa personagem ser tão tocante para tantos, por tanto tempo?
A resposta também é direta e simples: Lewis Carroll gostava de exercitar-se na lógica infantil e soube descrevê-la de forma que adultos e crianças se sentissem tocados por ela. Além disso, as aventuras de Alice são oníricas, o autor soube respeitar as regras de construção dos sonhos e também por isso nossa empatia com essa história é forte, afinal visitamos a cada noite o mundo maravilhoso dos sonhos. Nosso cérebro não desliga nunca, ele aproveita o repouso para reacomodar os restos do dia, equilibrar as tensões, e alucinar soluções para as pendências não resolvidas. O resultado disso são nossos sonhos e pesadelos. Dependendo da conexão que temos com nosso inconsciente, podemos lembrar mais ou menos deles, mas todo mundo sonha.
Em certos momentos, as obras que relatam universos surrealistas podem parecer uma barafunda aleatória de alucinações sem sentido, mas não são. Prova disso é que nem toda obra, apenas por parecer maluca, consegue se comunicar com o público. Nós reconhecemos por intuição aquelas que realmente são como os sonhos, que fazem eco em nossas próprias produções oníricas, respeitam sua lógica. Estas demonstram conhecer nossos segredos e Lewis Carroll conseguiu essa proeza.
Boa parte da graça da infância provém do jeito canhoto e literal através do qual as crianças compreendem o que se diz e o que se faz. “Somos todos loucos aqui”, dizia o Gato de Cheshire e nenhuma criança discordaria disso. As cenas sociais podem parecer bem estranhas, indecifráveis aos recém chegados. Focada com a lente infantil, a vida dos adultos parece como a do Coelho Branco, que corre atrás de objetivos insignificantes, a mando de uma rainha enlouquecida, como o Chapeleiro Maluco, que vivia condenado a um eterno chá da tarde, ou como as Rainhas esbaforidas que percorriam seu mundo de tabuleiro com a mesma pressa fútil do Coelho. São as determinações inconscientes que regram a lógica dos sonhos, as mesmas que influenciam decisivamente nossas escolhas, medos preconceitos, inibições, compulsões e desejos.
O mundo gira e gira rápido, mas para onde mesmo vamos? Resta aos pequenos a passividade de serem arrastados na correria maluca dos grandes. Embora crescidos, no fundo sentimo-nos como eles, sem controle sobre nossa origem e destino. Mas as crianças são mais destemidas e curiosas, elas não se angustiam tanto com a experiência de tanto desconhecer e pouco controlar.
Carroll era grande apreciador de charadas e jogos de palavras, e brincar com múltiplas interpretações de uma palavra é fácil para aqueles que estão ainda familiarizando-se com a linguagem e costumes do planeta dos adultos. Enquanto artista e matemático, ele praticava a lógica do pensamento infantil como se fosse uma língua arcaica que nunca esquecera de falar. Os sonhos são o último reduto dessa liberdade que as crianças acabam tendo sem querer, de jogar com as convenções, com as palavras, desrespeitar a razão e as leis da física, por isso, somente quando sonhamos somos capazes de reviver algo da condição infantil.
As melhores e mais duradouras histórias são as que nos permitem sonhar acordados, junto com outras pessoas, assim como nos possibilitam resgatar a lógica da infância e dos sonhos. Graças a elas podemos percorrer lugares maravilhosos, sejam eles lindos ou assustadores, sem medo de enlouquecer de verdade ou de perder as rédeas da nossa vida.
No final da sua viagem pelo País das Maravilhas, Alice acordou, contou seu estranho sonho à irmã mais velha, em cujo colo adormeceu, e saiu correndo. Acabou deixando suas aventuras em seu lugar e através delas a irmã começou também de certa forma a sonhar. Carroll é como essa irmã, que sonha maravilhas graças à imaginação das crianças com quem teve o privilégio de privar; ou como o Gato de Cheshire, que compartilha com Alice a percepção de que este mundo que é mesmo maluco. Ele nos contou as aventuras de Alice, saiu e nos deixou aqui sonhando acordados.

 
O filme está em cartaz:
UCI Iguatemi - Sala 03
Sessões: 21h20 - Extra: 23h40 (sex e sáb) (EXIBIÇÃO EM 3D)
Característica: legendado
UCI Iguatemi - Sala 08
Sessões: 15h, 17h20, 19h40 e 22h - Extra: 12h40 (sáb e dom)
Característica: dublado
UCI Iguatemi - Sala 12
Sessões: 13h10, 15h30, 18h10 e 20h30 - Extra: 22h50 (sex e sáb)
Característica: dublado
Centerplex Via Sul - Sala 3
Sessões: 13h, 15h10, 17h30 e 19h40 (EXIBIÇÃO EM 3D)
Característica: dublado
Centerplex Via Sul - Sala 3
Sessões: 22h (EXIBIÇÃO EM 3D)
Característica: legendado
North Shopping Maracanaú - Sala 2
Sessões: 14h, 16h20, 18h40 e 21h
Característica: dublado
Shopping Benfica - Sala 3
Sessões: 13h, 15h20, 17h40 e 20h
Característica: dublado
Arcoíris Del Paseo - Sala 1
Sessões: 14h40, 17h, 19h10 e 21h20
Característica: legendado
North Shopping - Sala 2
Sessões: 14h, 16h20, 18h40
Fonte: http://verdesmares.globo.com/v3/canais/cinema

INTERNET SEGURA


As peças acima fazem parte da campanha Internet Segura, uma iniciativa do Comitê Gestor de Internet do Brasil. No hotsite interativo, informações e dicas de como se proteger. A criação é da agência Talent. O projeto conta com apoio da Polícia Federal, Safernet Brasil, UNESCO, ANDI – Agência de Notícias dos Direitos da Infância, CONAPSI – Conselho Nacional das Entidades Provedoras de Serviços de Internet, Camara-e.net, Google, UOL, Terra, IG, Abril Digital, Microsoft, Talent, F-Secure, entre outras. A campanha é uma prévia para o Portal Internet Segura, previsto para entrar no ar nos próximos meses. O Portal funcionará como um centro de referência para o público se orientar sobre onde e como agir numa eventualidade.

TIRANDO DÚVIDAS

POR QUE AS CRIANÇAS DEVEM APRENDER A ESCREVER COM A LETRA DE FÔRMA PARA DEPOIS PASSAR PARA LETRA CURSIVA?
Esta escolha está relacionada ao processo de construção das hipóteses da escrita. Durante a alfabetização inicial, os pequenos trabalham pensando quais e quantas letras são necessárias para escrever as palavras. As letras de fôrma maiúsculas são as ideais para essa tarefa, já que são caracteres isolados e com traçado simples - diferentemente das cursivas, emendadas umas às outras. O aprendizado das chamadas "letras de mão" deve ser trabalhado com crianças alfabéticas, que já têm a lógica do sistema de escrita organizada. Antes de estarem alfabetizadas, elas entram em contato naturalmente com as letras cursivas e as de fôrma minúscula e até podem ser apresentadas a elas, desde que tal contato fique restrito à leitura.
FAZ SENTIDO OFERECER TEXTOS A ALUNOS NÃO-ALFABETIZADOS?
Canções, poesias e parlendas são úteis para se chegar à incrível mágica de fazer a criança ler sem saber ler. Quando ela decora uma cantiga, pode acompanhar com o dedinho as letras que formam as estrofes. Conhecendo o que está escrito, resta descobrir como isso foi feito. Se o aluno sabe que o título é Atirei o Pau no Gato, ele tenta ler e verificar o que está escrito com base no que sabe sobre as letras e as palavras - sempre acompanhado pelo professor. O leitor eficiente só inicia a leitura depois de observar o texto, sua forma, seu portador (revista, jornal, livro etc.) e as figuras que o acompanham e imaginar o tema. Pense que você nunca viu um jornal em alemão. Mesmo sem saber decifrar as palavras, é possível "ler". Se há uma foto de dois carros batidos, por exemplo, deduz-se que a reportagem é sobre um acidente. Ao mostrar vários gêneros, você permite à criança conhecer os aspectos de cada um e as pistas que trazem sobre o conteúdo. Assim, ela é capaz de antecipar o que virá no texto, contribuindo para a qualidade da leitura
COMO SELECIONO E USO OS TEXTOS EM SALA DE AULA?
Segundo Patrícia Diaz, do Cedac, é preciso ter critérios e objetivos bem estabelecidos ao escolher os textos. Por exemplo: se ao tentar diversificar os gêneros você ler um por dia, os alunos não perceberão as características de cada um. "O ideal é que a turma passeie por diversos gêneros ao longo do ano, mas que o professor trace um plano de trabalho para se aprofundar em um ou dois", afirma. Patrícia sugere a narração como base para o trabalho na alfabetização inicial, pois ela permite ao aluno aprender sobre a estrutura da linguagem e do encadeamento de idéias. A escolha dos textos deve ser feita de acordo com o repertório da turma. É preciso verificar se a maioria dos alunos passou ou não pela Educação Infantil, que experiência eles têm com a escrita e que gêneros conhecem. Durante a leitura de uma revista, por exemplo, é importante chamar a atenção para títulos, legendas e fotos. Assim, as crianças aprendem sobre a forma e o conteúdo. Se o texto é sobre plantas, percebem que nomes científicos aparecem em itálico. "Por isso é fundamental trabalhar com os originais ou fotocópias", ressalta Patrícia. Adaptar os textos também não é recomendável. As crianças devem ter contato com obras originais, uma vez que, ao longo da vida, serão elas que cruzarão o seu caminho. Se um texto é muito difícil para turmas de uma certa faixa etária, o melhor é procurar outro, sobre o mesmo assunto, de compreensão mais fácil.
PRECISO ENSINAR O NOME DAS LETRAS?
Sim. Como a criança poderá falar sobre o que está estudando sem saber o nome das letras? Ter esse conhecimento ajuda a turma a explicar qual letra deve iniciar uma palavra, por exemplo. Para ensinar isso, basta citar o nome das letras durante conversas corriqueiras. Se a criança está mostrando a que quer usar e não sabe o nome, basta que você a aponte e diga qual é. Trata-se de algo que se aprende naturalmente e de forma rápida, sem precisar de atividades de decoreba que cansam e desperdiçam o seu tempo e o do aluno.
Fonte: http://educarparacrescer.abril.com.br/

NOTÍCIAS EM DESTAQUE

Bullying é problema grave e merece atenção
Fernanda Junqueira
                                                                              

Recém-chegada aos Estados Unidos, a irlandesa Phoebe Prince, 15 anos, manteve um namoro com um dos garotos mais populares da escola onde se matriculou. Esse foi o motivo que levou um grupo de adolescentes a agredi-la verbal, virtual e fisicamente. Cansada, desesperada e com medo da violência, a garota optou pelo suicídio. Phoebe foi encontrada enforcada na escada do prédio onde morava no último dia 14 de janeiro passado. Em março, a Casa Imperial japonesa divulgou uma nota informando que a princesa Aiko, de 8 anos, filha única do herdeiro do trono do Japão, Naruhito, havia deixado de ir à escola após sofrer assédio moral por um grupo de colegas.
Phoebe, Aiko e milhões de outras crianças e adolescentes, meninos e meninas, de todo o mundo são vítimas, diariamente, de um mal que existe há séculos, mas que hoje em dia tem nome “científico” – bullying – e vem alcançando proporções avassaladoras. De acordo com a psicóloga Maria Tereza Maldonado, do Rio de Janeiro, membro da American Family Therapy Academy, o bullying sempre aconteceu em todas as escolas, mas por muito tempo a sociedade o considerou “brincadeira de crianças” e não deu maior importância ao tema. O termo inglês é utilizado para descrever atos de agressão física, verbal e psicológica intencionais e feitos de modo repetitivo.
“É semelhante ao que tradicionalmente acontecia na educação dos filhos: os pais se achavam no direito de xingar, espancar e cometer outras formas de violência para ‘endireitar’ as crianças rebeldes. Atualmente, esses casos vão parar nos Conselhos Tutelares como ações de violência intrafamiliar que precisam ser tratadas para que os pais se conscientizem do direito das crianças de serem educadas sem violência. Com o bullying está começando a acontecer algo idêntico: é preciso trabalhar o conceito de que agressão não é diversão. Condutas de perseguição implacável, mensagens difamadoras e depreciativas, agressões físicas ou verbais não devem ser aceitáveis”, afirma Maria Tereza, autora do livro "A Face Oculta – Uma história de bullying e cyberbullying", editado pela Editora Saraiva.
Segundo a pedagoga Flávia Cristina Oliveira Murbach de Barros, de São Paulo, é necessário levar em conta que os problemas sociais em geral, na escola ou em qualquer outro espaço, vieram a ter mais evidência com a evolução dos estudos sobre o assunto. “Podemos dizer que a partir da década de 1980 houve muitas mudanças políticas e econômicas no país, o que acarreta uma grande mudança na forma de se ver a ciência, a arte e a sociedade como um todo. Assim também passaram a ver a escola e seus problemas por outro ângulo. É necessário destacar ainda que as gerações atuais vivem um momento de banalização da violência, psicológica ou física, o que contribui para o aparecimento de mais violência, como o caso do próprio bullying”, afirma Flávia, que também é doutoranda em Educação pela Unesp Marília (Universidade Estadual de São Paulo) e pesquisadora do Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

Motivos e sinais

Mais importantes do que as diferentes expressões do bullying, conforme as faixas etárias, são as semelhanças de motivos: visões preconceituosas sobre as pessoas consideradas diferentes da maioria; desejo de exercer poder dominando ou atacando pessoas vistas como mais sensíveis ou retraídas; inveja que estimula a excluir do convívio social os que se destacam intelectualmente.
Em geral, a criança que sofre o assédio moral não conta em casa o que está acontecendo na escola – o universo principal onde o bullying é exercitado (alguns autores expandem o conceito para incluir também as condutas de agressão persistente entre irmãos, vizinhos e parentes) –, mas pais atentos podem identificar o problema.
Os principais sinais são mudanças de comportamento do tipo: não querer ir para as aulas, pedir para mudar de turma, sintomas de angústia (dor de cabeça, de estômago, suor frio), dificuldade de concentração e queda do rendimento escolar. A criança se torna arredia, tensa, preocupada e cansada, de acordo com o especialista norte-americano Allan Beane, autor de “Proteja seu Filho do Bullying - Impeça que ele maltrate os colegas ou seja maltratado por eles” (Editora BestSeller) e do site www.bullyfree.com. O filho de Allan, Curtis, morreu aos 23 anos por culpa indireta do bullying após muito sofrimento.

É preciso escutar

Os pais precisam mostrar-se abertos à escuta, encorajando a criança a expressar seu sofrimento, sem criticá-la por ser “fraca” e sem se apressar a criar soluções que muitas vezes ela não se sentirá em condições de colocar em prática. É importante pensar junto com ela a criação de recursos pessoais e de alianças com os amigos que a tornarão capaz de enfrentar os agressores, da mesma forma que é essencial que a escola promova um programa antibullying eficiente.
Já os pais de uma criança que pratica o bullying devem mostrar ao filho que se divertir à custa do sofrimento dos outros é inaceitável e que ele pode desenvolver maneiras de se destacar com habilidades valiosas. “O diálogo é sempre importante. E saber o porquê das ações como também fazer uma autoavaliação das relações domésticas entre criança-família”, ressalta a pedagoga Flávia.
“Somos formados por nossas relações históricas e sociais, pela relação com os objetos da cultura. Precisamos saber, tanto a escola como a família, o que estamos proporcionando às crianças e aos adolescentes em relação à apropriação da cultura. O que eles estão se apropriando? O que estamos proporcionando? Uma cultura computadorizada? Uma conversa sem relação de reciprocidade? Vale a nossa consciência”, analisa a especialista.
Já a psicóloga Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams, da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos), avisa que, conforme a gravidade, um psicoterapeuta pode ajudar a criança vitimada ou a autora de bullying, bem como a família a enfrentar o problema. “O que os pais nunca devem fazer é ignorar ou minimizar o problema da criança, nem estimular a agressão ou o revide.”

Ação e reação

Vale a pena ressaltar que algumas crianças criam recursos para lidar com o problema e se desenvolvem normalmente. Outras, no entanto, carregam o sofrimento consigo por um longo período de vida ou acabam se tornando autoras de bullying. “Pode haver ainda sequelas terríveis para a vida adulta, como abandono dos estudos, menores chances de conseguir um emprego, de se relacionar afetivamente, formar uma família, problemas com baixa auto-estima e maiores chances de desenvolver transtornos mentais”, alerta a psicóloga Lúcia Cavalcanti. Há casos graves em que o desespero é tão grande que o adolescente se sente sem saída, adoece e às vezes chega a cometer suicídio – vide o fim trágico de Phoebe Prince.
“O bullying associa a intimidação e a humilhação das pessoas por parte do agressor, resultando em um ataque psicológico, físico e social. A vítima recebe uma alta carga energética dos seus agressores, por isso, muitas vezes, existe um peso acima do suportável, podendo gerar intenções suicidas ou homicidas, como muitos casos que acontecem nas escolas dos Estados Unidos, onde a vítima sai matando seus agressores como forma de aliviar essa carga sobre sua vida", comenta a psicoterapeuta Maura de Albanesi, diretora do Instituto de Psicologia Avançada AMO, de São Paulo. “Por esta razão, os pais precisam buscar ajuda psicológica rapidamente, a fim de também evitar que essa criança se torne um adulto que sofra de fobia social, timidez, medo, apatia e afins", alerta a psicoterapeuta.







segunda-feira, 26 de abril de 2010

XV ENDIPE - ENCONTRO NACIONAL DE DIDÁTICA E PRÁTICA DE ENSINO

Aconteceu na semana do dia 20 a 23 de Abril de 2010 na Universidade de Minas Gerais - Belo Horizonte o XV Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino que contou com a participação de grandes educadores como Antônio Nóvoa, reitor da Universidade de Lisboa. A Diretora geral e pedagógica da Aprender Editora esteve presente no evento e trouxe na bagagem muitas novidades para fortalecer a formação profissional das formadoras e consultoras da Aprender Editora.
Veja um trecho da conferência de encerramento.
“A escola não faz sentido se não causar transformação, se a vida não ficar melhor depois dela.” A afirmação do professor Antonio Nóvoa, reitor da Universidade de Lisboa (Portugal), resume bem o tom da conferência proferida no encerramento do XV Encontro Nacional sobre Didática e Práticas de Ensino (Endipe), na tarde desta sexta, dia 23.

A Formadora Ana Cláudia Pinheiro da Aprender Editora também esteve presente apresentando trabalho sobre tecnologias na área de Informática Educativa.




NOVIDADES

Olá amigos e amigas,

Em minhas andanças pela Net encontrei uma coletânea de livros em formatos online. Ou seja, virtual books! Você pode baixar agora mesmo e ler aí na sua tela e ter um acervo maravilhoso de livros para serem usados em sala de aula ou até mesmo para ler com seu filho.
 http://virtualbooks.terra.com.br/
Aproveite e leia um trecho do clássico Chapeuzinho Vermelho.
    
Era uma vez, numa aldeia pequenina, uma menininha linda como uma flor; sua mãe gostava muito dela, e sua vovozinha ainda mais...


SUGESTÕES DE PLANEJAMENTO - NOVA ESCOLA

Lendo o livro... antes de ler a história do livro
A aula aqui sugerida é um dos caminhos para possibilitar a formação de leitores capacitados a participar das diferentes práticas de leitura da nossa sociedade. Para tanto, é preciso criar oportunidades para que os alunos:
- constituam procedimentos de exploração do livro enquanto portador;
- desenvolvam capacidades leitoras de recuperação do contexto de produção do texto de modo a articulá-lo no processamento das idéias do texto;
- constituam comportamento leitor, implicados na socialização e necessidade de compartilhar ideias e opiniões acerca de material de leitura escolhido.

Material necessário
Livros de literatura infanto-juvenil constantes do acervo da Escola.

Desenvolvimento
1ª etapa
Estudo coletivo de material de leitura
1. Organize os alunos em duplas.
2. Distribua para cada dupla um exemplar de um mesmo livro.
3. Comecem a fazer uma exploração geral do livro. Peça aos alunos que manuseiem os livros recebidos. A seguir, vá fazendo perguntas para a classe sobre os seguintes aspectos:
a. Que tipo de livro é este (de contos, poemas, lendas, romance)? Como você descobriu (Pelo título? Figura da capa? Conhecimento do autor?)?
b. Quem é o autor (brasileiro, estrangeiro)? Onde você encontrou essa informação? Mostre para todos os colegas!
c. Há algum outro lugar no livro que apresente informações sobre o autor (Oriente para que procurem dentro do livro, na orelha, na quarta-capa também.)? Que tipo de coisa o autor costuma escrever, considerando estas novas informações? Você já leu alguma obra dele? Qual? Gostou? Por que? Leria outra? Por que?
d. Qual é o título do livro? Como você descobriu?
e. Qual é a editora do livro? Onde se encontra essa informação? Você já conhece essa editora? Leu algum livro publicado por ela?
Observação: a cada resposta dada, pergunte como foi possível descobrir aquela informação, solicite que os alunos mostrem como fizeram. Isso possibilita o compartilhamento de procedimentos de manuseio do portador.
f. Considerando o título do livro, a ilustração da capa, quem o escreveu, como você acha que será a história que ele conta (se for um livro de narrativas ficcionais, é claro)?
g. Dê uma olhada nas ilustrações, dentro do livro: o que você acha que vai encontrar na história? Por que?
Observação: Problematize as pistas encontradas, caso seja necessário.
4. Depois dessa exploração geral, pergunte aos alunos se escolheriam esse livro para ler e por que. Durante o processo, vá problematizando as respostas, considerando os dados da exploração feita.

2ª etapa
Estudo e escolha de material de leitura
1. Organize os alunos em grupos de 3 ou 4 componentes.
2. Distribua as coleções de livros entre os grupos e fique você mesmo com alguns.
3. Solicite que os alunos façam, nos livros recebidos, a mesma exploração que fizeram nos livros estudados no Momento 1 dessa proposta de trabalho. Avise que, ao final, escolherão um livro para ler e deverão explicar essa escolha para os demais colegas da classe.
4. Faça o mesmo com os livros que ficaram com você e passe pelos grupos acompanhando o trabalho.
5. Após a exploração, apresente você o livro que escolheria, justificando a escolha nas pistas oferecidas pelo portador e pelo seu conhecimento anterior a respeito de autor, gênero, conteúdo, etc. Dessa forma, você está oferecendo aos alunos uma referência a respeito de como fazer uma indicação.
6. Quando terminar, solicite que cada um dos alunos de cada grupo apresente sua escolha, explicando os motivos dela.
7. Oriente os alunos para levarem o livro para casa e lerem. Explique que, na Roda de Leitores, comentarão a leitura feita, explicando se gostaram mesmo e porque.

3ª etapa
Roda de leitores
1. Organize os alunos em círculo, e avise os alunos que cada um contará como foi a leitura do livro que escolheu: se a escolha foi bem feita ou não e por que, explicando onde foi que acertou ao antecipar se gostaria do livro e onde foi que se enganou. Os alunos poderão, inclusive, ler trechinhos dos livros para ilustrar o que falam ou para mostrar do que gostaram.
2. Antes dos alunos, porém, comente você a leitura que fêz do seu livro.
3. Peça, ao final, que cada aluno mesmo aqueles que, porventura não tenham apresentado a leitura - escrevam um recadinho para colocar no mural Socializando leituras , para os colegas, comentando, rapidamente se gostaram ou não do livro e porque, indicando se recomendam ou não a leitura do material.

Aprofundamento de conteúdo
É importante que a atividade de escolha pessoal de leitura e de Roda de Leitores sejam regularmente realizadas na classe, pois possibilitam a apropriação de procedimentos de leitura, assim como o desenvolvimento de capacidades de leitura. Além disso, possibilitam a constituição de comportamento leitor, conteúdos fundamentais para a formação do leitor.
Sugestão de atividade para explorar a quarta-capa de livro
As informações que se encontram em uma quarta-capa variam conforme a editora, a edição. No entanto, costumam trazer um pequeno texto sobre o enredo da história, trechos da mídia ou, ainda, trechos do próprio livro. Às vezes, uma dessas informações vem junto com outra. O importante, nesse estudo é focalizar autoria e intenção desse texto: divulgar a obra, seduzir leitores, já que é a própria editora que seleciona ou escreve - o texto para ser publicado.
1. Peça aos alunos para ler diferentes quartas-capas e identificar que tipo de informação elas contém (fotografia do autor, dados biográficos, outras obras do autor, comentários de outros autores sobre aquele livro etc.).
2. Anote os dados encontrados na lousa. Veja, juntamente com eles, os dados mais recorrentes nos livros analisados.
3. Solicite que descubram a autoria e possíveis intenções dos textos. Discuta as opiniões, buscando confirmações nas pistas lingüísticas. Discuta, ainda, o papel que uma quarta-capa deve ter no processo de escolha de um livro para ler ou comprar.
4. Os alunos podem escrever uma outra quarta-capa para um dos livros que leram.
Trabalho semelhante pode ser feito com a orelha de livros.


Bibliografia
CRISTOVÃO, V.L.L. (2001) Gêneros e ensino de leitura em LE: os modelos didáticos de gêneros na construção e avaliação de material didático. Tese de Doutoramento não publicada. PUC-SP.
KLEIMAN, A. (1992) Oficina de Leitura - Teoria & Prática. Pontes, Campinas, São Paulo.
................ Texto e Leitor. Aspectos Cognitivos da Leitura Pontes, Campinas, São Paulo; 1989.
LERNER, Delia. Ler e escrever na escola o real, o possível e o necessário. Porto Alegre (RS): Editora Artmed; 2002.
PRIVAT, J.-M (1995) Socio-logiques des didactiques de la lecture. IN: Jean-Louis Chiss; Jacques David & Yves Reuter (direction). Didactique du Français: état d une discipline. Paris: Nathan, 1995 (Pédagogie).: 133-145.
ROJO, Roxane. Letramento e Capacidades de leitura para a cidadania. PEC Formação Universitária. SEE de SP; 2002.
SOLÉ, Isabel. Estratégias de Leitura. Porto Alegre (RS): Artmed, 1998.




Escrita de textos instrucionais: regras de brincadeiras

Objetivos
Com este trabalho, pretende-se que os alunos sejam capazes de:
- Falar e ouvir em diversas situações nas quais faz sentido expor opiniões, ouvir com atenção, sintetizar idéias, defender pontos de vista e replicar;
- Perceber as propriedades da escrita: letras como representação de fonemas, direção da escrita, combinação das letras, formas e tipos de letras;
- Ler e escrever diversos tipos de textos em situações comunicativas específicas;
- Valorizar o resgate das brincadeiras, comparando-as no espaço e no tempo

Introdução
Alfabetizar significa muito mais que simplesmente ensinar a traçar letras ou decodificar palavras. Este plano de aula propõe, através do tema "brincadeiras: ontem e hoje", atividades em que a criança possa se apropriar do sistema de escrita, ao mesmo tempo em que vai conhecendo a linguagem escrita, ou seja, os diversos tipos de textos presentes na sociedade. Os alunos vão pesquisar brincadeiras da infância de seus pais, farão votação para determinar as brincadeiras preferidas de ontem e de hoje e produzirão textos com instruções sobre essas brincadeiras para divulgação em cartazes na escola.
Material necessário
Cartolina, papel sulfite, lápis de cor/cera e canetas coloridas.


Desenvolvimento
1ª Etapa
Faça com as crianças um roteiro de entrevista para que pesquisem junto aos pais e familiares as brincadeiras de seu tempo de infância. Essa pesquisa pode conter perguntas como: "Quais eram as brincadeiras preferidas quando você era criança?", "Quais eram as regras dessas brincadeiras?" ou "Quantas crianças podiam participar?". Solicite que algumas leiam a pesquisa para a classe e que outras contem de memória o que os pais explicaram sobre suas brincadeiras de criança;

2ª Etapa
Selecione algumas brincadeiras pesquisadas para, na lousa, junto com as crianças, elaborar as instruções que explicam as brincadeiras escolhidas. Dessa forma, você estará mostrando às crianças um modelo de texto que deve atender a certas condições de produção para atender um objetivo específico;
3ª Etapa
Agrupe as brincadeiras comuns numa lista e peça que cada dupla de alunos escolha uma brincadeira que será divulgada para as outras turmas da escola por meio de um cartaz com o nome da brincadeira e o jeito de brincar;


4ª Etapa
Faça com os alunos uma lista de brincadeiras atuais, colocando-as em ordem alfabética;


5ª Etapa
Faça um cartaz com as crianças no qual conste, de um lado, os nomes das brincadeiras de hoje e, de outro, das brincadeiras de antigamente. Organize a divulgação do cartaz na escola;


6ª Etapa
Elabore uma cédula (mimeografada, xerocada ou impressa) da qual constem as brincadeiras levantadas pelos alunos e faça uma votação para escolher três delas; Junto com as crianças, faça a apuração das mais votadas, colocando na lousa o levantamento dos dados;


7ª Etapa
Divida a classe em três grandes grupos: cada grupo deverá elaborar as regras de cada brincadeira mais votada. Cada grupo será subdividido em duplas que organizarão suas regras no caderno;


8ª Etapa
Escreva na lousa as regras das três brincadeiras selecionadas. Para cada brincadeira, as duplas darão, oralmente, suas contribuições que serão negociadas com a classe toda até se chegar ao texto final que melhor esclareça as regras das três brincadeiras selecionadas;


9ª Etapa
Estabeleça uma data, um espaço e os materiais necessários para que as crianças coloquem em prática as três brincadeiras escolhidas e comparem-nas com as instruções dadas por escrito: estão claras? seguem o passo-a-passo da brincadeira? ajudam na organização? quais modificações devem ser feitas nos textos, tendo em vista sua eficácia no desenvolvimento das brincadeiras selecionadas?

10ª Etapa
Finalizando a atividade, organize junto com as crianças cartazes com cada uma das três brincadeiras mais votadas e suas regras. Estes cartazes deverão ser afixados fora da sala de aula para divulgação do trabalho.

Produto final
Escrita de cartazes com regras de brincadeiras para ser divulgadas na escola


Avaliação
Ao longo do desenvolvimento da atividade, é possível avaliar como o aluno:
a) utilizou a linguagem (oral e escrita) em determinadas situações nas quais faz sentido falar, ouvir, ler ou escrever;
b) discutiu oralmente;
c) colaborou com o grupo no roteiro de pesquisa com os pais;
d) organizou individual e coletivamente os dados coletados na pesquisa;
e) escreveu as regras das brincadeiras, negociando com os colegas a elaboração das instruções;
f) trabalhou os aspectos gráficos e os elementos lingüísticos dos textos trabalhados: lista, texto de instruções e cartaz.
g) elaborou sínteses escritas para divulgação do trabalhos através de cartazes;
h) relacionou suas hipóteses de escrita com as propriedades da escrita convencional, quando foi necessário ajustar o que fala ou ouve com o que precisa escrever.


Aprofundamento do conteúdo
Este trabalho propõe uma articulação entre as duas aprendizagens que a criança em início de alfabetização precisa empreender: o conhecimento do sistema de escrita alfabético e a linguagem escrita expressa em vários textos presentes na sociedade. Assim, todas as crianças deverão estar envolvidas em todos os momentos do trabalho, mesmo aquelas que ainda não escrevem convencionalmente. Neste caso, o professor deve ser intérprete e, às vezes, escriba da produção do aluno. A atividade proposta trabalha com três tipos de textos, a saber:
LISTA - texto com palavras do mesmo campo semântico com uma disposição gráfica vertical ou horizontal. Texto que procura organizar informações e que exercita a memória. Ao lado deste conhecimento textual, pode-se contribuir para que a criança vá conhecendo as características do sistema de escrita, se forem sendo estabelecidas comparações no que se refere ao conhecimento/uso de letras como representação de fonemas, a direção da escrita, a distribuição das unidades gráficas das palavras (quais e quantas letras em cada vocábulo; quais iniciam com a mesma letra, quais têm a última letra igual, etc), as formas e tipos de letras;
TEXTO INSTRUCIONAL - que prescreve ações/orientações precisas para a realização de tarefas, no caso, as regras de brincadeiras infantis: nome da brincadeira, lista de quantas pessoas e/ou materiais usados (se for o caso), modo de brincar (com uso de verbos no imperativo que é o modo da ordem ou pedido);
CARTAZ - possibilita registrar e divulgar as sínteses feitas pelos alunos no decorrer do trabalho. O cartaz é um tipo de texto breve sobre cartolina ou cartões cuja organização espacial no papel (diagramação, cores, tamanho de letras) deve permitir a leitura à distância.

Bibliografia
JOLIBERT, Josette. Formando crianças produtoras de texto. Volume II. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994
KAUFMAN, Ana Maria e RODRIGUEZ, Maria Elena. Escola, leitura e produção de textos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995
TEBEROSKY, Ana. Aprendendo a escrever. Perspectivas psicológicas e implicações educacionais. São Paulo: Ática, 1994



sexta-feira, 23 de abril de 2010

NÚCLEO DE ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO

Criado em 2009, o Núcleo de Acompanhamento e Avaliação tem como objetivo geral ampliar e fortalecer a parceria com os municípios atendidos pela Aprender Editora, através do Projeto Lendo Você Fica Sabendo.
Algumas fotos do acompanhamento em sala de aula.
        CREDE MARACANAÚ
                                                



quinta-feira, 22 de abril de 2010

FORMAÇÃO MUNICÍPIO DE SOBRAL

PROJETO LENDO VOCÊ FICA SABENDO
Daniela Macambira
Formadora Carolina Cidrão
                                     
         
Formadora Débora Mendes
Coordenadora Stefânia Sales