Hoje o grupo de formadoras e consultoras coordenadas por Stefânia Sales e Cecília Portela, assistiram o filme "Como estrelas na terra, toda criança é especial". Filme da produção de Bollywood - conta a história de uma criança que sofre com dislexia e custa a ser compreendida. Ishaan Awasthi, de 9 anos, já repetiu uma vez o terceiro período (no sistema educacional indiano) e corre o risco de repetir de novo. As letras dançam em sua frente, como diz, e não consegue acompanhar as aulas nem focar sua atenção. Seu pai acredita apenas na hipótese de falta de disciplina e trata Ishaan com muita rudez e falta de sensibilidade. Após serem chamados na escola para falar com a diretora, o pai do garoto decide levá-lo a um internato, sem que a mãe possa dar opinião alguma. Tal atitude só faz regredir em Ishaan a vontade de aprender e de ser uma criança. Ele visivelmente entra em depressão, sentindo falta da mãe, do irmão mais velho, da vida… e a filosofia do internato é a de “disciplinar cavalos selvagens”. Inesperadamente, um professor substituto de artes entra em cena e tão logo percebe que algo de errado estava pairando sobre Ishaan. Não demorou para que o diagnóstico de dislexia ficasse claro para ele, o que o leva a por em prática um ambicioso plano de resgatar aquele garoto que havia perdido sua réstia de luz e vontade de viver. O filme é uma obra prima do até então ator e produtor Aamir Khan, já macaco velho nas bandas de Bollywood. Pela primeira vez, após a atuação em sucessivos filmes que lhe deram a fama em anos recentes, Khan quis arriscar-se como diretor e impressionou pela qualidade e sensibilidade neste filme. Ele não só dirige TZP, como produz, com sua Aamir Khan Productions, e também atua no papel do professor substituto. Ishaan Awasthi é interpretado pelo estreante Darsheel Safary, que também surpreendeu pela qualidade de sua atuação. Merecidamente, Safary ganhou o prêmio de melhor ator pela crítica, no mesmo Filmfare Awards deste ano de 2008. Virou celebridade. Além dos prêmios de melhor filme e melhor ator pela crítica, TZP ganhou também o prêmio de melhor direção, para Aamir Khan, e de melhor letra de música. O filme, embora não tenha as exóticas cenas de dança, tem músicas que aparecem como clipes, com imagens que não só ilustram a melodia, mas também fazem parte do decorrer da história. Dentre as músicas (muito boas, por sinal), Maa, que significa “mãe” em hindi, recebeu o prêmio de melhor letra.
“Taare Zameen Par – Every Child is Special“, o que significa, exatamente, “Estrelas na Terra – Toda Criança é Especial“. Embora o filme fale diretamente sobre o caso de uma criança, ele é uma mensagem para o mundo sobre o verdadeiro papel de um educador e formação de um novo ser humano – veja que não digo professor, mas educador. Ao afirmar no título que toda e qualquer criança é especial, que são como estrelas na Terra, a proposta é trazer a idéia de que não podemos negligenciar a diversidade e preciosidade dos projetos de gente de nosso mundo, pois são eles que fazem o futuro.
O filme vai muito além de tocar na sensibilidade de ser criança e educador; ele manda uma mensagem de nosso papel como ser humano – o que na Índia não é tarefa fácil. Aliás, poucos são os próprios indianos que realmente reconhecem o valor desse filme, muito poucos.
Em muitos momentos, Aamir Khan optou por utilizar recursos caricatos para os personagens do filme, sobretudo em relação aos professores de ambas as escolas por que Ishaan passa. Ainda que personagens caricatos possam trazer um grau de irrealidade para a trama, em Taare Zameen Par a caricatura contribui para aumentar a sensação de sofrimento, opressão e incompreensão vivido pelo garoto disléxico. No conjunto, caricaturas e clipes de música ilustram uma ficção que de irreal nada tem; qualquer semelhança entre a ficção e a vida real é mera coincidência, diz, antes do filme começar. Mas o próprio professor Ram Shankar Nikumbh (interpretado por Aamir Khan) lembra às crianças que Einstein, Agatha Christie, Da Vinci e Tomas Edison eram disléxicos e sofreram na infância – TZP é história da vida real. Antes fosse apenas ficção.
Em Taare Zameen Par não há as típicas cenas de dança dos filmes de Bollywood; as músicas aparecem como clipes, mostrando cenas que complementam a história que está sendo contada naquele momento, porém sem diálogos. A primeira a aparecer, por exemplo, mostra a rotina da casa de Ishaan. Num outro momento, Ishaan sai pra rua e anda pela cidade (Mumbai), reparando em detalhes não usuais para uma simples criança de sua idade. Neste momento toca a música Mera Jahan, que, literalmente, significa Meu Mundo. É o que Ishaan vê e reconhece como fazendo parte integrante. Ao voltar pra casa ele elabora o que viu fazendo um desenho – a criatividade artísticas em disléxicos tende a ser mais aflorada, pela sua maneira distinta com que o mundo é compreendido. A música que ficou mais famosa, porém, foi Maa, que significa Mãe, como já disse anteriormente. Quando passa essa música, Ishaan acaba de chegar no internato e sofre demais – sua mãe também. Postarei este clipe pra vocês.
Numa outra música, com o título que dá nome ao filme, vemos o professor Ram Nikumbh em seu emprego na escola pra crianças especiais e depois partindo para a casa de Ishaan, onde irá conversar com seus pais. A música é longa e tão longo é todo esse momento, mas nem percebe-se a música tocar, dada a imensidão de informações passando. Porém, o detalhe mais importante desta passagem está no que faz Ram no caminho até a casa de Ishaan, que não vi indiano nenhum fazendo e nem sequer parando para refletir sobre. No ônibus, o professor ajuda uma mãe com seu bebê; depois, na beira da estrada, paga um chá com biscoitos à criança-empregada do estabelecimento. Em outro momento, andando ao lado da feira, pega a couve-flor que cai no chão. Coisas simples, mas indianos não costumam fazer coisas simples. Simples ajudas, mas indianos não costumam ajudar.
Taare Zameen Par vem também cumprir um importante papel na sociedade indiana. Não se trata de civilizar ou ocidentalizar, mas de trazer um pouco mais de humanidade para o coração hindustani, um pouco mais do senso de individuação, que de nada tem a ver com individualização. Talvez ainda além de mandar uma mensagem sobre o papel do educador, este filme ensina antes o que é ser pai, o que significa e o que implica em ter um filho. Ram Nikumbh, contestando o que o pai de Ishaan disse a ele em certo momento, deixa bem claro o que significa a palavra “cuidar”. E neste momento sublime, alerta para que não aconteça com Ishaan o que acontece com as árvores das Ilhas Salomão, que morrem após as pessoas ficarem gritando à sua volta. Aamir Khan fez uma obra-prima – e talvez a última também. Será difícil que ele faça um filme tão bom como esse de novo.
Texto extraído e adaptado do blog
Antes de tudo, devo dizer que a escolha do filme foi maravilhosa. A história é linda e muito emocionante! Faz-nos repensar sobre a prática de vários professores em sala de aula, com um olhar diferenciado aos muitos alunos que fazem parte do dia-a-dia e que estiveram em mente enquanto assistimos ao filme. Além de lembrarmos o quanto as crianças, por mais que tenham dificuldades de aprendizagem, são capazes de aprender a seu ritmo. Temos que respeitá-las, motivá-las e sentimos alegria no que fazemos e, assim como na história do filme, ajudarmos as crianças que tanto precisam de nós!
ResponderExcluirTodos devem valorizar as habilidades de seus alunos!
O filme é fantástico! ASSISTAM!
ResponderExcluirOlá, boa noite...
ResponderExcluirgostaria de saber o que as pessoas que assistiram o filme acharam? Se puder contar, adoraria saber!
obrigada
Este filme é muito bom, pois além de nos emocionar bastante, nos alerta para a nossa prática pedagógica, onde devemos ter um olhar diferenciado a cada um dos nossos alunos, sem deixar de lado a afetividade para com eles. Vocês estão de parabéns pela escolha. E aí vai uma dica!! Para quem não assistiu vale a pena assistí-lo.
ResponderExcluirQue legal...meninas...poderíamos passar no grupão...jóia!!!
ResponderExcluirÉ um filme com várias facetas: em sua extensão, promove momentos para rir, chorar, divertir-se e, principamente, refletir. Refletir sobre a educação familiar, sobre a escola e seu papel, sobre o compromisso profissional dos educadores em ter conhecimento teórico, sensibilidade e iniciativa. É um filme para se ver mais de uma vez.
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